Chegou o outono; Quando as luzes apagaram
E as esperanças decaiam.
Saber demais era luxo, tal como pouco.
Bastava ter acesso no que foi permitido
E viver o que era certo pelo que diziam.
Então, só depois, inverno;
Antes de eu saber como tudo é
O mundo desfeito do conhecimento
E prezo pela fé e por palavra qualquer,
Construído pela ameaça e medo,
Restrito do que pensar e considerar:
Como pássaro em gaiola ao escolher
Entre comer, dormir, pular ou beber.
Então quando chegou a primavera? Quando pude ver o que acontecia
E escrever, sem medo e pecado? Quando desfiz-me da corrente do “certo” e aceitei-me como errado? Quando aceitei minha liberdade -Minha condenação – para ler, Interpretar, registrar e pensar? Expressar ao mundo quem somos? Além da mera gaiola que nos alimentamos?
Então faço-me primavera;
Em plenitude do que ser pelo que leio,
Pelo que crio e imagino.
Assim como sinto a brisa das manhãs e alvorada, sem ter ambas.
Saio de todos os lugares sem mover-me
Graças aos que voaram incansavelmente e presentearam-me
Pelo livro e pela chance de ir distante.
Graças aos livros, faço-me de mundos.
Joplin Fonseca