No livro “Ascensão e triunfo do self moderno”, Carl Trueman discute como a revolução sexual e a mudança de percepção da própria identidade impactaram o imaginário e as instituições tradicionais das sociedades ocidentais.
No séc. XX, o “homem psicológico” passou a buscar significado dentro de si para ser satisfeito interiormente. A cultura e as instituições deveriam ser modeladas pelos gostos e vontades subjetivas do ser humano. O indivíduo buscou se expressar, adequando a sociedade à sua subjetividade.
O bem-estar e os sentimentos dos indivíduos se tornaram os fundamentos para a moral e para as instituições sociais. A ordem moral tradicional foi atacada, não restando base comum para o julgamento sobre certo e errado. Aqui ergueram-se os muros da “guerra cultural”.
Rousseau lançou as bases do self moderno. Para ele, a sociedade cria restrições que suprimem e sufocam desejos e instintos naturais, tornando a vida “inautêntica”. Em Rousseau, a liberdade é ser “autêntico” e orientado pelos próprios sentimentos, afirmando-se contra a sociedade.
Depois das marteladas de Nietzsche, Marx e Darwin contra a crença em uma natureza humana estável, Freud posicionou a sexualidade como aspecto central na definição da identidade humana. Na luta contra o “mal-estar da civilização”, Marcuse definiu a liberdade sexual como meio para ser autêntico e para subverter a ordem capitalista.
O resultado dessa marcha do “homem psicológico” tem sido a era mais moralmente frouxa da história humana. Trata-se de uma revolução que alcança mídias culturais, decisões judiciais e identitarismo político. Uma era sem fundamentos sólidos que, incapaz de construir pontes, só levanta muros.
Anderson Paz