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Uber passa a pedir número do CPF em pagamentos a dinheiro

Em uma noite de quinta-feira de setembro passado, o motorista de Uber Osvaldo Luis Modolo Filho aceitou uma corrida solicitada por um casal de adolescentes na zona leste de São Paulo a ser paga em dinheiro.

A algumas quadras do destino, os passageiros – que se cadastraram no aplicativo com um nome falso – sacaram duas facas de cozinha. Eles esfaquearam o motorista de 52 anos várias vezes e partiram com sua SUV preta, deixando-o sangrando em plena rua. Dois dos ferimentos fatais foram tão profundos que a polícia a princípio as confundiu com buracos de bala.

Policiais encontraram o carro mais tarde, prenderam o casal e o acusaram de assassinato objetivando roubo de veículos. Eles aguardam sentença, e os advogados de ambos prometem apelar.

O Uber disse que Modolo Filho foi seu primeiro motorista assassinado no Brasil – mas não seria o último. A polícia confirmou seis assassinatos desde sua morte, e a imprensa local noticiou mais de uma dúzia.

Uma análise de dados de crimes solicitada pela Reuters à Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo com base na lei de acesso à informação mostrou um salto nos roubos envolvendo motoristas de Uber desde julho, quando a empresa começou a aceitar pagamentos em dinheiro na cidade, fazendo funcionários da própria companhia se questionarem por que esta não agiu mais rápido para lidar com o problema.

Normalmente o Uber cobra as viagens em cartões de crédito cadastrados pelos usuários, criando uma maneira fácil de verificar os passageiros e os localizar se necessário. A empresa mudou sua política em todo o país no ano passado, permitindo que os clientes paguem em dinheiro para turbinar o crescimento em um novo mercado crucial.

A procura aumentou, mas o crime também. Em São Paulo, os roubos envolvendo motoristas de Uber aumentaram dez vezes, segundo os dados. Os ataques aumentaram de uma média de 13 por mês nos sete primeiros meses de 2016, refletindo certo grau de perigo mesmo antes da opção de pagamentos em dinheiro ser adotada, para 141 por mês no restante do ano, mostram as informações.

Os assaltos envolvendo motoristas de táxi na capital paulista aumentaram somente um terço no mesmo período, de acordo com dados de crimes obtidos graças a um pedido separado de acesso à informação apresentado ao mesmo órgão de segurança, no momento em que a recessão econômica profunda fez todos os roubos na metrópole aumentarem cerca de seis por cento.

Os dados sobre crimes obtidos pela Reuters cobrem o período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2016 e trazem todos os incidentes de roubos a motoristas de Uber e de táxi, mas tem alguma margem de erro, já que podem incluir agressões a passageiros.

A polícia disse à Reuters que o número de ataques a motoristas de Uber pode ser muito maior, já que se trata de um serviço novo e muitos incidentes provavelmente foram registrados no sistema sem mencionar o aplicativo pelo nome.

Condutores e policiais disseram à Reuters que a política de pagamentos em dinheiro proporcionou alvos fáceis aos criminosos, permitindo-lhes abrir contas com nomes falsos, sem cartões de crédito para verificação, e atrair motoristas para emboscadas.

Confrontado com as cifras, o Uber não quis fornecer detalhes mensais sobre o crescimento da procura em São Paulo, mas reconheceu que viu um aumento de “incidentes de segurança”, sem informar em que medida. A empresa disse não estar claro se o aumento nos crimes se deve à nova política ou ao crescimento do negócio, que foi fortalecido pela opção de pagamento em dinheiro.

O Uber acrescentou que suas operações cresceram 15 vezes ao longo do ano passado em São Paulo e que agora está adotando medidas para tornar as corridas pagas em espécie mais seguras, como analisar os usuários pelo CPF.

 

G1

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