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Seca reduz produção de hidrelétricas

Seca pode reduzir produção de hidrelétricas do Nordeste

Uma seca histórica no Nordeste, que registra neste ano as menores afluências desde 1931, poderá obrigar o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a reduzir até o final de 2017 a vazão das hidrelétricas de Sobradinho e Xingó, no rio São Francisco, o que reduziria a oferta de energia na região e poderia exigir mais uso de termelétricas e impactar preços.

O diretor-geral do ONS, Luiz Eduardo Barata, disse à Reuters nesta quarta-feira que uma recomendação para a redução da vazão defluente dessas usinas a partir de setembro, para 700 metros cúbicos por segundo (m³/s) ante 800 m³/s atuais, já foi feita pelo ONS.

Com uma menor vazão, é possível segurar mais água nos reservatórios, que além de produzir energia também servem a atividades de irrigação e ao consumo urbano de água na região, entre outros usos.

Até 2013, quando as chuvas começaram a piorar no Nordeste, a vazão mínima nessas hidrelétricas era de 1.300 m³/s.

“Se continuarmos com 800 m³/s, chegamos até o final do ano que vem abaixo do limite do volume morto do reservatório”, afirmou Barata, que prevê que a operação em 700 m³/s pode durar até dezembro de 2017.

Ele explicou que a decisão pela mudança na operação das usinas é de governo, uma vez que envolve consulta a outros órgãos, como o Ministério do Meio Ambiente e da Integração Nacional.

O objetivo da medida não é preservar a geração de energia, mas sim garantir água para todos que dependem dos reservatórios da região. Para o setor elétrico, o efeito da medida seria uma menor oferta de energia hídrica no Nordeste, o que teria que ser suprido com outras fontes, provavelmente as termelétricas, que têm custo de operação maior.

O acionamento de termelétricas pode também elevar os preços da energia elétrica no mercado de curto prazo, ou spot, o chamado Preço de Liquidação das Diferenças (PLD).

“Tem impacto em preço… aumenta praticamente em todas as regiões. Obviamente que o impacto maior seria no Norte e Nordeste, mas teria também nas outras regiões”, disse Barata.

Ele garantiu que, apesar disso, não haveria qualquer risco à oferta de energia, dada a queda no consumo desde o ano passado em função da crise econômica.

“Não vemos problemas de abastecimento, mesmo com a manutenção das condições hídricas do São Francisco… obviamente que isso tem uma implicação econômica, porque implica em geração térmica, mas não há risco”, disse.

A seca poderá ainda impactar a operação de termelétricas da região que utilizam água de reservatórios próximos para resfriamento de equipamentos, como as usinas de Pecém I e II, operadas por EDP Energias do Brasil e Eneva.

Barata disse, no entanto, que não é possível estimar se será preciso reduzir a geração ou mesmo desligar essas térmicas, e que o assunto está sendo discutido no Ministério de Minas e Energia.

Ele também comentou que o ONS tem acompanhado a situação climática e tem expectativa de que possa se desenvolver em breve o fenômeno climático La Niña, que tem como consequências mais chuvas no Nordeste e menos no Sul.

Ainda assim, não é possível prever se esse quadro poderia ajudar significativamente as hidrelétricas do Nordeste. “Se as chuvas no Nordeste forem no litoral, ajudam pouco. Tem que chover na região certa (onde estão as usinas)”, disse.

MUDANÇA EM PREÇOS
O governo tem falado em preços realistas para a energia elétrica, o que pode passar por uma revisão de parâmetros utilizados no cálculo do PLD, ou preço spot, que influencia o custo de contratos de longo prazo de energia.

O ONS participa das discussões por meio de uma comissão técnica do Ministério de Minas e Energia, e, segundo Barata, há uma expectativa de que possa haver mudanças já para o ano de 2017.

“Esse assunto deve ser discutido mais à frente, mas eu acredito que é possível, sim, em 2017 termos novidade”, afirmou.

O governo disse à Reuters recentemente que pretende abrir uma consulta pública para discutir os aperfeiçoamentos no cálculo do preço.

 

Jornal Extra
 

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