Os PMs que estão em greve na Bahia decidiram no final da manhã desta quinta-feira continuar com a paralisação. A decisão foi tomada em uma reunião na sede do Sindicato dos Bancários, no centro de Salvador, para onde os policiais seguiram após deixarem a área da Assembleia Legislativa da Bahia, onde estavam acampados desde o primeiro dia da greve, em 31 de janeiro. Segundo lideranças sindicais, deliberações semelhantes foram tomadas em assembleias de PMs realizadas em outras grandes cidades baianas, como Feira de Santana, Itabuna, Vitória da Conquista e Barreiras. No fim da tarde, a associação de oficiais da PM no Estado realizará assembleia para decidir se a categoria também adere à paralisação.
Cerca de 400 policiais participaram da assembleia no sindicato. A entrada da imprensa não foi permitida. Ficou definido que os PMs permanecerão parados até que o governo aceite pagar a Gratificação de Atividade Policial (GAP) de nível 4 em março e até que sejam revogados os 12 mandados de prisão emitidos pela juíza Janete Fadul contra os líderes do movimento.
Cinco deles foram cumpridos até o momento, entre eles um contra o presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), Marco Prisco, preso na manhã de hoje. O governo baiano afirma não ter condições para iniciar o pagamento da GAP 4 em março por causa da lei de responsabilidade fiscal, e acena com o começo dos depósitos para novembro.
A greve – A greve dos policiais militares da Bahia teve início na noite de 31 de janeiro. Cerca de 10 mil PMs, de um contingente de 32 mil homens, aderiram ao movimento. A paralisação provocou uma onda de violência em Salvador e região metropolitana. O número de homicídios dobrou em comparação ao mesmo período do ano passado. A ausência de policiamento nas ruas também motivou saques e arrombamentos. Centenas de carros foram roubados e dezenas de lojas destruídas.
Em todo o Estado, eventos e shows foram cancelados. A volta às aulas de estudantes de escolas públicas e particulares, que estava marcada para 6 de fevereiro, foi prejudicada. Apenas os alunos da rede pública estadual iniciaram o ano letivo.
Para reforçar a segurança, a Bahia solicitou o apoio do governo federal. Cerca de três mil homens das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança foram enviados a Salvador. As tropas ocupam bairros da capital e monitoram portos e aeroportos.
Dois dias após a paralisação, a Justiça baiana concedeu uma liminar decretando a ilegalidade da greve e determinando que a Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra) suspenda o movimento. Doze mandados de prisão contra líderes grevistas foram expedidos.
A categoria reivindica a criação de um plano de carreira, pagamento da Unidade Real de Valor (URV), adicionais de periculosidade e insalubridade, gratificação de atividade policial incorporada ao soldo, anistia, revisão do valor do auxílio-alimentação e melhores condições de trabalho, entre outros pontos.
Fonte: Terra