A Odebrecht comprou, em 2010, um imóvel em São Paulo que seria destinado à construção de uma nova sede do Instituto Lula. Isso é o que dizem três dos delatores da empreiteira, que prestaram depoimentos na semana passada à força-tarefa da Operação Lava Jato.
As informações foram publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo, nesta quarta-feira (21). De acordo com o jornal, as declarações sobre o envolvimento do Instituto Lula no caso foram feitas por Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo, Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações institucionais, e Paulo Melo, ex-diretor-superintendente da Odebrecht.
A compra do imóvel – que fica localizado na rua Dr. Haberbeck Brandão, capital paulista – é o ponto chave na denúncia em que o ex-presidente Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele virou réu nesse processo na última segunda-feira (19).
De acordo com os depoimentos, o imóvel foi adquirido no papel pela DAG Construtora, mas foi pago pela Odebrecht, que destinaria parte das propinas dos constratos da Petrobras na aquisição do terreno, construindo a sede do Instituto Lula.
A ideia era que, após a Odebrecht comprar o imóvel, o prédio do Instituto fossem construído. Porém, Lula e a ex-primeira-dama Marisa Letícia foram conhecer o terreno e não gostaram do local. Por isso, o projeto não foi para a frente.
Segundo o jornal, mesmo que o plano não tenha saído do papel, o juiz Sérgio Moro aceitou a denúncia contra Lula. Moro teria afirmado que a falta de transferência na compra do imóvel onde seria construído o instituto não prejudica a acusação de corrupção, caracterizada pela oferta e pela solicitação da propina.
Com essa ação, Lula virou réu em cinco ações penais – três na Operação Lava Jato, uma na Operação Zelotes e outra na Operação Janus.
De acordo com os investigadores, o valor investido no imóvel foi de R$ 7,6 milhões.
O outro lado
Em resposta ao jornal, o Instituto Lula disse que não comenta “supostas delações”. Segundo a assessoria de imprensa do instituto, “delações não são provas, quanto mais supostas delações”.
Em nota, dizem ainda que “o terreno nunca foi do Instituto Lula e tampouco foi colocado à sua disposição”. Afirmou também que “a Lava Jato acusa como se fosse vantagem particular de Lula um terreno que ele nunca recebeu, nem o instituto – que não é propriedade de Lula, nem pode ser tratado como tal, porque o Instituto Lula tem uma personalidade jurídica própria”.
Fonte: Último Segundo – iG