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Eduardo Cunha diz ter aneurisma igual Marisa

 Em seu primeiro depoimento ao juiz Sérgio Moro, o ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha leu uma carta em que diz ter um aneurisma como o da ex-primeira-dama Marisa Letícia.

— Eu gostaria de dizer que também sofro do mesmo mal que acometeu a dona Marisa Letícia, um aneurisma cerebral. Aproveito para prestar solidariedade à família — disse o ex-deputado.

 

Cunha afirmou precisar de cuidados que não são possíveis no Complexo Médico Penal de Pinhais, em Curitiba, onde está preso desde dezembro.

 

— O presídio onde ficamos não tem a menor condição de atendimento se alguém passar mal. São várias as noites que presos gritam sem sucesso por atendimento médico, que não são ouvidos pelos poucos agentes que ficam lá.

 

Nervoso, o ex-deputado também reclamou da segurança do presídio e disse que está misturado com condenados.

 

— Quero alertar que esse juízo também tem responsabilidade pela minha segurança, na medida que estou em presídio misturados a condenados por crimes violentos — disse Cunha.

 

Moro argumentou que durante cerca de três anos de Lava-Jato nunca houve nenhum caso de agressão ou violência contra os presos pela operação.

 

Cunha acusou a Força-Tarefa de punir os acusados seletivamente e poupar as empresas estrangeiras:

 

— Estamos com um processo político aqui. Empresas estrangeiras não são responsabilizadas, enquanto as brasileiras pagam bilhões no exterior. As punições não podem ser seletivas. Falo com a autoridade de quem foi responsável pelo impeachment da ex-presidente da república (Dilma Rousseff) para defender o nosso país — vociferou Cunha.

 

A lista de reclamações do ex-deputado não parou por aí. Cunha também se queixou a Moro das dificuldades no contato com seus advogados e que a investigação que levou à sua denúncia foi feita por motivos políticos. Cunha disse que em nenhum momento, antes da prisão, foi convocado pelo Ministério Público Federal ou pela Polícia Federal para apresentar suas alegações. Confrontado pelo juiz que destacou que agora ele teria a oportunidade de se defender, o parlamentar cassado disse:

 

— Talvez um pouco tardia, não é? Certamente poderia, se o inquérito fosse feito corretamente, e não se fosse uma coisa política.

 

O ex-deputado afirmou que o contato com o defensores no Complexo Médico Penal de Pinhais é feito “em condições absolutamente precárias”.

 

— Estou com minha defesa cerceada por não ter condições de debater com meus advogados de forma correta.

 

Em seu depoimento, Cunha disse ainda que o presidente Michel Temer deu uma resposta errada a uma das 21 perguntas que formulou a ele para municiar sua defesa, em novembro do ano passado. A pergunta era referente a uma reunião em 2007 para acerto de nomeações do PMDB para a Petrobras. O encontro, segundo o ex-deputado, contou com a participação, além de Temer, do então líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, e de Walfrido dos Mares Guia, então ministro do governo Lula.

 

— Michel Temer esteve nessa reunião e (o assunto) era justamente o desconforto que existia (no PMDB) com as nomeações do PT, com Graça Foster para a diretoria de gás e José Eduardo Dutra para presidente da BR Distribuidora, sem que as nomeações do PMDB fossem feitas. Houve, digamos assim, uma revolta da bancada do PMDB na votação da CPMF. E aí nesse dia eles chamaram o Michel e o Henrique para essa reunião.

 

PAGAMENTO DE EMPRÉSTIMO

 

Cunha rebateu a acusação de que recebeu US$ 1,5 milhão de propina da Petrobras pela compra de um campo de petróleo em Benin, na África. Ao juiz Moro, ele afirmou que recebeu o dinheiro como pagamento de um empréstimo feito ao deputado Fernando Diniz (PMDB-RJ), que morreu em 2009. O valor teria sido pago apenas em 2011 pelo filho do parlamentar, Felipe Diniz, segundo a versão de Cunha. O único documento que comprovaria a existência dessa operação, porém, foi destruído pelo ex-presidente da Câmara.

 

Ao longo do depoimento, Cunha negou que tenha atuado na indicação de Jorge Zelada para o cargo de diretor da área internacional da Petrobras. Ele também afirmou que não teve qualquer relação com o lobista João Augusto Henriques e que só visitou a Petrobras duas vezes: acompanhando a então governadora Rosinha Garotinho e um prefeito do seu bloco político.

 

Ao fim da audiência, a defesa protocolou na Justiça Federal de Curitiba um pedido de liberdade de Eduardo Cunha.

 

O ex-deputado prestou depoimento sobre a acusação de que recebeu R$ 5 milhões em propina referentes ao esquema envolvendo o projeto do campo de petróleo de Benin, na África, segundo as investigações da Operação Lava-Jato.

 

Inicialmente, o processo do ex-deputado corria no Supremo Tribunal Federal (STF). Quando foi cassado, perdeu o foro privilegiado, e o processo passou para Curitiba.

 

 

O Globo

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