A Paraíba o tempo todo  |

Defasagem de médicos na PB é destaque no Estadão

 No Seridó, médico trocava de cidade por apenas R$ 200

‘A expectativa é de ter continuidade do serviço, com possibilidade de criação de vínculo, confiança’, diz secretária de Cubati, na Paraíba

Recém-formada, Andreza Cristina Vieira Fernandes, de 24 anos, chegou na semana passada a Cubati, município mais pobre no sertão do Seridó, na Paraíba, a 220 quilômetros de João Pessoa, como um alento para a população de 6.866 habitantes, que não tem um médico efetivo.

“Nossa expectativa é de ter continuidade do serviço, com a possibilidade de criação de vínculo, de uma relação de confiança da população com o profissional”, comemorou a secretária municipal de Saúde, Maria das Graças Dantas Macedo, cansada do constante “leilão” em busca de médico. “Já perdi médico por R$ 200 para uma cidade vizinha”, contou, ao falar da dificuldade de trazer um profissional para a cidade. “A gente paga R$ 7 mil líquidos nos postos de saúde da família e R$ 1,8 mil por um plantão de 24 horas, mas, mesmo assim, ninguém para aqui, é uma grande rotatividade, muitos não têm compromisso, só querem dinheiro.”

“Agora contamos com Andreza por pelo menos seis meses”, reforçou a coordenadora da Atenção Básica do município, Gicele Dantas, que inicialmente estava certa de que o período obrigatório de trabalho do Mais Médicos era de três anos. Em reunião com um representante do Ministério da Saúde, no dia 23, recebeu a informação da obrigatoriedade por seis meses. “Mesmo assim, já é muito bom para quem vive nesta angústia.”

O prefeito Eduardo Martins Dantas (PMDB) lembrou que os municípios também bancam o Mais Médicos – têm descontados R$ 6,6 mil por profissional no repasse do Fundo de Participação dos Municípios – e, diante da tabela defasada do Sistema Único de Saúde (SUS), arcam com despesas que não lhe caberiam.

Sem dispor de médicos especialistas e diante da enorme dificuldade de marcar consultas em Campina Grande, município de referência na região, a 70 quilômetros de Cubati, os prefeitos de 15 municípios – dois deles do Rio Grande do Norte – se consorciaram para oferecer atendimento de ginecologia, cardiologia e neurologia, por exemplo.

Um dia no mês, cada um dos municípios recebe um profissional de uma dessas áreas.

“É uma forma de amenizar”, afirmou Martins Dantas, que na quarta-feira reuniu na cidade os prefeitos do consórcio para discutir uma forma conjunta de instalar aterros sanitários. Uma empresa de São Paulo será contratada pelo grupo para fazer um estudo de viabilidade.

Cubano. Já o prefeito de Pedra Lavrada, Roberto Vasconcelos Cordeiro (PSB), aguarda um médico cubano no dia 16. “É uma boa notícia”, afirmou. “Nós temos três equipes de Saúde da Família e uma delas está há sete meses sem médico.” O município de Damião também terá um cubano. Segundo o prefeito, Lucildo Fernandes de Oliveira (PSB), há anos o centro de saúde da cidade está sem profissionais.

Muitos acreditam que os cubanos possam dar exemplo. “Os brasileiros estão muito preocupados com dinheiro e não querem dar as horas de serviço porque se comprometem com várias cidades ao mesmo tempo e ficam pulando de um lado para o outro”, observou o prefeito de São Martinho, Aido Lira (PSB), que paga R$ 1,5 mil por dia para um médico dar plantão no fim de semana, mais alimentação e combustível.



Redação com Estadão

    VEJA TAMBÉM

    Comunicar Erros!

    Preencha o formulário para comunicar à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta matéria do PBAgora.

      Utilizamos ferramentas e serviços de terceiros que utilizam cookies. Essas ferramentas nos ajudam a oferecer uma melhor experiência de navegação no site. Ao clicar no botão “PROSSEGUIR”, ou continuar a visualizar nosso site, você concorda com o uso de cookies em nosso site.
      Total
      0
      Compartilhe