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Daniela grava DVD no Réveillon de Copacabna

Desde que surgiu como grande cantora da música brasileira, no começo dos anos 90, Daniela Mercury assumiu o axé da Bahia como sendo sua forma principal de expressão sem, contudo, deixar de buscar aproximação constante com outras faces da nossa música, como o rock, o pop e, sobretudo, a MPB (música popular brasileira).

Inquieta, a menina baiana cantou com Tom Jobim, Caetano, Gil, Herbert Vianna e Skank, isso para ficar em apenas alguns bons exemplos. Do alto dessa experiência, decreta, sem medo:

– O axé faz parte da MPB.

Na noite de Réveillon, ela apresentará a mistura musical que sempre incentivou na praia de Copacabana, no Rio, do qual sairá o DVD Canibália – Ritmos do Brasil. E ainda faz um bis na sua terra. No primeiro dia de 2011, será a vez de Salvador ver o mesmo show, no já concorrido Pôr do Som, tradicional apresentação que Daniela faz há 11 anos em frente ao Farol da Barra na hora do pôr do sol.

Em meio aos preparativos para os dois megashows, a cantora reservou um tempo para conversar com a reportagem do R7, no qual lembrou que essa história de gravar no Rio não foi inventada por Ivete Sangalo nem Claudia Leitte. Leia o bate-papo:

R7 – Ivete fez um DVD no Maracanã. Depois, Claudia Leitte fez em Copacabana. Faltava você nessa história de gravar DVD com os cariocas?

Daniela Mercury – Em 1992, no dia 8 de dezembro, gravei um especial no Rio, na Apoteose. Foi a primeira vez que eu percebi a comunicação que a minha música estabeleceu com o público carioca. Depois, fiz muitos shows no Rio. Aí surgiu esse desejo de fazer o DVD Canibália – Ritmos do Brasil nesta cidade que tem um cenário belíssimo, que é um centro cultural importantíssimo. Pretendo mostrar os diversos ritmos brasileiros. E vou contemplar também, no repertório, artistas cariocas como Vinicius de Moraes, Dona Ivone Lara… E com a presença da Unidos da Tijuca, do AfroReggae, do Boi Garantido, da Didá, vamos enriquecer ainda mais o repertório. O Rio é um dos melhores lugares do mundo para gravar um DVD, por isso é irresistível vir pra cá. Espero fazer não só esse, como muitos outros DVDs na Cidade Maravilhosa.

R7 – O show Canibália faz referências claras a correntes que mexeram com a cultura brasileira, como o movimento antropofágico e a tropicália. Por que tanta vontade de beber do passado?

Daniela – Acho que esses movimentos são muito importantes na história da cultura brasileira. Precisam ser sempre lembrados e homenageados. É um show que é a minha história de vida, são as minhas referências, os meus afetos. Um manifesto de afeto, como é o Canibália, só podia partir do meu coração, da minha referência de música popular brasileira. Sou cria da tropicália e a tropicália é cria do manifesto da semana de arte moderna de 1922 . E eu me encantei por esses dois movimentos, pela liberdade que eles propõem, pelas fusões, pela liberdade de misturar a música brasileira com a música internacional. Acho que é importante a gente sempre lembrar e buscar a tradição junto com as inovações. Esse é o objetivo deste show e DVD: levar a grandiosidade desses movimentos para quem ainda não teve a oportunidade de vivenciá-los e compreendê-los totalmente. Tudo com muito amor e respeito a todos os artistas desses movimentos.

R7 – Enquanto Claudia Leitte e Ivete Sangalo, outras duas baianas de expressão da música atual, concentram seu trabalho na “música para pular”, você tenta aliar o lado festivo da música de sua terra a experimentações e referências culturais mais densas do que o repetido “beijo na boca”. Você é uma cantora de axé “cabeça”?

Daniela – Eu trago comigo a experiência cênica de dança, teatro, minha experiência de vida… Tento levar sempre, para meus trabalhos, minha vivência musical, que começou aos 15 anos de idade, quando eu cantava MPB em barzinhos. Tudo isso eu carrego para todos os lugares aonde canto e o trio elétrico é um deles. Acho que a beleza do Carnaval da Bahia é a diversidade, e eu só tento trazer novidades e me renovar para manter essa diversidade que eu acho fundamental dentro do universo cultural. Faço isso intuitivamente. Ao contrário do que muita gente pensa, eu não racionalizo, eu vivo isso e as coisas acontecem. Isso é o que eu tenho dentro de mim: minha alma expressada a cada Carnaval, a cada show que eu faço. Eu não faço esforço para isso. O único esforço que eu faço é de montar as danças, de ensaiar, de organizar esse conhecimento que eu venho adquirindo ao longo da minha vida para ter uma apresentação estética diferente, bela, alegre, respeitando a espontaneidade do Carnaval. Eu sou uma cantora brasileira, que gosta de lembrar que a axé faz parte da MPB e não vive sem ela. Nós somos a continuidade de uma história de grandes artistas e eu quero sempre lembrar isso.

R7 – A noite de Réveillon em Copacabana é o Ano-Novo mais famoso do país. Você pretende beber da energia daquela multidão?

Daniela – Com certeza, fazer um DVD em Copacabana é ter imagens espetaculares. Da beleza do Rio, do povo do Rio e sua alegria e expressividade naturais. Um povo comunicativo, solar, que cria um clima de diversidade e união juntando brasileiros e estrangeiros. Com certeza a maior beleza deste DVD vai ser o público interagindo com o espetáculo, se emocionando com ele e trazendo essa emoção para a gente. É isso que queremos registrar e levar para o mundo inteiro. Um registro do que é o nosso Réveillon, celebrando o Brasil.

R7 – O DVD vai ter antigos sucessos também? Vai ter O Canto da Cidade? Você ainda gosta de cantar os antigos sucessos?

Daniela – Adoro cantar essas canções. Elas são muito emblemáticas na minha vida e tocam as pessoas, emocionam. Então é muito importante cantar músicas expressivas assim, para que todo mundo participe e se emocione. O Canto da Cidade afirma a beleza da negritude brasileira. Tem ainda Ilê Perola Negra; Minas com Bahia, que foi um grande sucesso cantado pela turma do Skank, que homenageia o povo de Minas; O Que É que a Baiana Tem, homenageando Carmen Miranda e cantando com ela, que vai estar presente através da sua imagem num telão… Vou alegrar o público também com Rapunzel, que é vibrante, alegre pra um dia de festa. Vou cantar Swing da Cor e Trio Metal… Mas o público também vai conhecer canções novas e vibrantes, como a recém-lançada É Carnaval, e essa música promete fazer as pessoas se entusiasmarem… Então é isso: eu acho que é um dia de festa, de leveza, de alegria. Eu venho para colaborar com esse espírito de felicidade, de celebração. Tudo para alegrar o público.

Daniela Mercury – Canibália – Ritmos do Brasil

Rio de Janeiro
Quando: sexta-feira (31), às 20h
Onde: praia de Copacabana, zona sul, Rio
Quanto: grátis

Salvador
Quando: sábado (1º), às 17h
Onde: Farol da Barra, Salvador
Quanto: grátis

R7

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