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Comissão da Anistia do Ministério da Justiça terá militar que colaborou com a ditadura

Ex-sargento do Exército durante o regime militar e advogado e professor de direito em Natal (RN) Paulo Lopo Saraiva, foi nomeado nesta sexta-feira para compor a Comissão de Anistia. Ele aparece em documentos do Serviço Nacional de Informação (SNI) como um militar que colaborou com a ditadura. Lopo é um dos 19 novos conselheiros da comissão nomeados nesta sexta-feira pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.

Num dos informes do SNI, de novembro de 1978, Lopo é descrito como um militar que prestou serviços à ditadura. “Foi sargento do Exército e, na época em que servia no QG da antiga ID/7, desempenhou funções na 2ª seção, antes e depois da Revolução de 31 de março de 64, onde participou de ações contra a subversão, tendo atuado como escrivão de inquérito instaurados para apurar corrupção em prefeituras do interior do estado” – diz o relato do SNI.

Seu nome aparece na relação de “membros da UFRN com atuação política e acadêmica mapeada pelos órgãos de repressão da ditadura militar.”

O advogado Paulo Logo Saraiva, que hoje tem um escritório de advocacia em Natal, negou ao GLOBO que tenha sido um colaborador dos militares. Confirma que era sargento do Exército em certo período da ditadura, mas disse que nunca atuou contra atos subversivos e que nunca foi escrivão em inquéritos policiais militares que investigaram prefeitos corruptos. Ele disse que desconhece o informe do SNI que cita seu nome e diz que, ao contrário, foi perseguido pelo regime militar.

— Ao contrário disso tudo. Eu era tido como um comunista. Fui conselheiro da OAB. Sou um homem limpo e correto. Fui é perseguido. Sim, fui sargento naquele período, mas não colaborei com nada. Nunca atuei em inquérito. Minhas funções eram outras. Olhe o relatório da Comissão da Verdade — disse Lopo, que afirmou ter sido seminarista e também ter trabalhado pelo impeachment de Fernando Collor de Mello, em 1992.

Num documento de 82, num informes do SNI, há o registro de que Paulo Lopo, em suas aulas na universidade, criticava o governo de todas as formas e que estaria preparando um livro sobre eleições, intitulado “Calvário do povo”. Mas registra uma mudança de posição de Lopo, quando o militar virou secretário Para Assuntos do Governo, na gestão de Lavoisier Maia, da Arena, e que fora nomeado governador pelo presidente Ernesto Geisel, em 1978. “Como foi escolhido e nomeado secretário, vem (Lopo) mudando sua posição e tônica de pronunciamentos”.

 

O Globo

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